Máscaras do Destino, de Florbela Espanca

Florbela de Alma da Conceição Espanca (Vila Viçosa, 8 de Dezembro de 1894 - Matosinhos, 8 de Dezembro 1930) escreveu o seu primeiro poema em 1903, ao qual deu o nome de A Vida e a Morte. Em 1920, estreou-se com Livro de Mágoas. A sua obra reflecte e, ao mesmo tempo, inspira-se nas suas mágoas: a doença (neurastenia), os abortos, a morte do irmão, que a deixou na mais profunda depressão e a quem dedicou o livro Máscaras do Destino, e os casamentos frustrados. A sua poesia denota a perfeição e que poderá traduzir-se numa das suas mais célebres frases: "Ser Poeta é ser mais alto, é ser maior do que os homens!". Seria depois da sua morte que os seus poemas viriam a imortalizá-la.
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Eu sei que ultimamente andei desaparecido, mas isso deveu-se a uma pequeno passeio (em jeito de férias). O último, prometo. =P

Depois de Desgraça, decidi levar para o passeio um livro mais pequeno. O escolhido foi Máscaras do Destino.

Trata-se de um conjunto de contos, que deverão ser lidos individualmente. Costumo ler um conto por dia, uma mania de leitor, talvez para reflectir sobre o assunto ou não ler à pressa. Neste livro aconteceu mesmo isso.

Posso dizer que, no fim do livro, o balanço foi algo positivo, mas os primeiros contos não eram o que esperava, e fiquei pouco convencido à primeira leitura.
Oito contos distintos, e gostei mais de uns do que de outros.

Todos os contos são algo surreais, distintamente prosa poética. Linguagem de poesia, sem tirar nem pôr. O elemento comum em todas as histórias: a Morte. É um livro muito funesto, uma faceta de Florbela Espanca que, para mim, é mais que óbvia.
Nota-se que a escritora se inspirou muitíssimo na trágica morte do irmão, transportando toda a sua tristeza e dor para contos que falam de assuntos funestos, tristes, melancólicos, angustiantes.

Não gostei muito dos primeiros contos. São tão poéticos que... Preferiria lê-los em forma de verso. É o tipo de leitura que se procura em verso, mas não em prosa. Os contos têm, como sempre, a Morte a acompanhar, essa companheira constante. Os textos transmitem algo quase surreal, descrições demasiado pintadas. Não sei se têm alguma grande moral por detrás, mas dão que reflectir sem dúvida: até porque temos que reflectir para conseguir entender o que a autora escreveu.

Já a outra metade do livro, os quatro últimos contos, me fascinou e fez com que a imagem do livro fosse mais sólida. Aliás, gostei muito desses últimos contos, porque embora sejam sempre funestos e melancólicos, são prosa poética realmente prosa, e não o tipo de escrita que seja mais ideal em verso. As descrições são muito bem pintadas (esse é mesmo o termo correcto) e as histórias, sem muito desenvolvimento, não só dão para reflectir como ainda conseguem emocionar. Gostei desses contos.

Os contos tratam mesmo de personagens que poderão não ser tão peculiares quanto isso, mas várias "máscaras" do mesmo destino: a Morte.

Para quem aproveitou esta colecção oferecida pelo JN, não deixem de ler, obviamente (embora a revisão não seja, de todo, muito boa)! Quanto aos outros, aqueles que não têm o livro em casa, aconselho vivamente a poesia de Florbela Espanca, antes de se embrenharem neste livro.

8 comentários:

pikenatonta disse...

Florbela Espanca é sem dúvida uma das minhas favoritas!!! Adoro ler a poesia dela. Contos já não é muito comigo, mas como gosto muito da escrita dela, quem sabe um dia...

Ana Beatriz Frusca disse...

Comecei a conhecer Florbela recentemente. Adorei ler-te. A indicação está aceite!

Boa semana!

Beijinho.

Paula Abreu Silva disse...

Florbela Espanca é umas das minhas poetisas preferidas ... gosto bastante da sua obra em geral, mas caso ainda não tenhas lido, recomendo-te a leitura dos poemas "Amar" e "Minha Tragédia" !;)

Bjinhos

NLivros disse...

Olá Pedro!

Curioso, adoro Flobela Espanca mas desconhecia por completo esta obra.

Pelo que li na tua opinião, os contos seguem um estilo melancólico e trágico, algo que trespassam para os poemas e até para a própria vida da poetisa que, como deves saber, se suicidou, mas, acaba por ser um pouco como um complemento à sua obra poética, obra essa que efectivamente conheço e tenho na minha biblioteca.

Aliás, não sou um apreciador de poesia, no entanto tenho a obra de dois poetas que me fascinam: Florbela Espanca e Artur Rimbaud.

Excelente opinião.

Um abraço!

JPD disse...

Olá Pedro

Também gosto da Florbela.
(Será difícil encontrar obra/autor que menos considere? -- Veremos!)

Não conheço os contos.
(Mas a anotação está tomada)

Um abraço

ccc disse...

Olá Pedro :)
Não sou muito apreciadora de poesia e raramente me convenço a tentar ler um pouco.
No entanto, Florbela Espanca é sem dúvida uma referência na poesia e enquanto figura da cultura portuguesa. Já li alguns poemas seus, penso que aqueles mais conhecidos.

Quanto a estes contos, é algo que me atrai mais à partida por isso fica registada esta obra ;)

Pedro disse...

Pikenatonta,
se gostas tanto da autora, acho que não há qualquer mal em leres estes contos, que reflectem a sua poesia!

Biazinha,
em primeiro lugar, bem-vinda. Espero por ti cá!
Já conheço a poetisa há algum tempo, e gosto muito da sua poesia. Se a autora se tornar uma das tuas preferidas, não perdes nada em ler este livro também ;)

Butterfly,
cá em casa só tenho "Sonetos" de Florbela Espanca, e gosto muito. Ainda só não comprei a sua obra poética porque não calhou... Mas acho que posso dizer que conheço a autora =)

Iceman,
conheci esta obra através de uma colecção do JN, de grandes autores clássicos portugueses.
Conheço a obra poética de Florbela Espanca "minimamente", e como dizes esta prosa é uma espécie de complemento, até porque toda a poesia de Espanca aqui se encontra. Pelo que, pessoalmente, prefiro ler em poesia este tipo de texto, em vez de prosa.
Se gostas da autora, aconselho o livro ;)
(já agora, gosto de poesia, sendo os meus preferidos António Gedeão e Almeida Garrett. Mas muitos outros me agradam também...)

JPD,
=)
este livro é pouco conhecido, mas para quem é fã de Florbela deve ser uma leitura a considerar!

Sofia,
eu gosto de poesia, embora prefira prosa acima de tudo.
Já li os sonetos de Florbela e gostei muito, e é, sem dúvida, uma grande figura na cultura portuguesa (mas que só viu o prestígio depois de morta...).
Acho que, se quiseres ler estes contos, te aconselho primeiro avançares um pouco na obra poética da autora. Se não, tenho a certeza que, depois de ler estes contos, vais querer ler a poesia de Florbela ;)

Beatriz disse...

Do pouco que li, gosto imenso de Florbela Espanca. Tenho um livro de sonetos dela que me delicia. Grande poetisa. :) beijinhos **