O Amante, de Marguerite Duras

Na Indochina, em 1929, uma jovem francesa de quinze anos estranhamente ataviada atravessa numa barcaça o rio Mékong. Durante a travessia conhece um homem chinês, filho de um magnata local. Ambos se dirigem para Saigão, onde rapidamente se entregarão um ao outro. Será no enquadramento desta relação que a jovem revelará a estranheza das suas relações familiares, os seus problemas económicos, os sentimentos de alienação que a acompanham em todos os lados excepto no apartamento onde se encontra com o amante, atirados para uma relação acossada pelas normas sociais que imperavam na colónia francesa...

Marguerite Duras nasceu em Saigão, em 1914. Foi para França em 1932, e publicou o seu primeiro romance em 1943. Quando faleceu em 1996, escrevera já cerca de quarenta romances, uma dúzia de obras de teatro e dirigira uma vintena de produções cinematográficas. Recebeu o prémio Goncourt em 1984 com
O Amante, romance que alcançou um êxito mundial, com mais de três milhões de exemplares vendidos e traduções para quarenta línguas. Destacam-se igualmente os seus romances Uma Barragem Contra o Pacífico, Moderato Cantabile, Hiroshima Meu Amor, Destruir Diz Ela, India Song e Olhos Azuis, Cabelo Preto.
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Recebi o livro com a revista Sábado, e por ser tão pequeno decidi começar a lê-lo no fim de semana.

Gostei. E aconselho. Mas, claro, tenho de aprofundar a opinião.

Não simpatizei com a escrita da autora desde o princípio. Não gostei do estilo da escritora em todo o livro.

No entanto, gostei imenso do desenvolvimento do livro, não só da história em si(que essa tem um desenvolvimento muito lento e quase estático), mas sim do livro em si. Por isso mesmo, acabei o livro com uma boa sensação, e sinceramente com vontade de voltar a aprofundar-me...

Esta obra é um desabafo. Um desabafo da autora, ponto. E é com o Amante, com esse desabafo, com essa desculpa, que ela aproveita para deitar cá para fora a sua vida e as palavras, num tipo de escrita que não gostei mas de uma profundeza que me agradou muito.

A história é ainda mais parada do que eu pensava.
Não é A grande obra de que estava à espera... =/ Mas acho que podemos dizer que é UMA grande obra. Parece-me que o que esperava se revelou muito mais tarde, já mais para o final...

Uma obra recomendável.

15 comentários:

Célia disse...

Tenho alguma curiosidade em relação a este livro, mas não tenho as expectativas muito elevadas. Depois quando ler dou a minha opinião :)

Carla disse...

Marguerite Duras não tem uma escrita fácil, mas é plena de conteúdo.
Já li o liro há algum tempo e gostei imenso
beijos

Unknown disse...

Eu adorei o filme. É um dos meus preferidos. Mas ver um filme daqueles e depois ler o livro é, na minha opinião, uma verdadeira desilusão. O livro não preenche as medidas! :-D Prefiro outros livros da mesma autora.

Beijinhos

A Respigadeira disse...

O nick Imagens pertence a mim :-D

a disse...

Também comprei a revista. Ainda não li o livro e neste momento não estou muito "virada" a lê.lo, mas daqui a algum tempo talvez lhe pegue. ;P

JPD disse...

Olá Pedro

É um excelente livro.
De certeza que irás gostar.

A Duras, como a Yourcenar, petence a uma geração de autores franceses incontornável.

Belíssima sugestão de leitura.

Um abraço

Pedro disse...

Canochinha,
aconselho a leitura! Espero que gostes ;)

Carla,
realmente, a única coisa que me fez abanar foi o estilo de escrita de Duras... Porque na verdade gostei do curso do livro!

Imagens,
ainda não vi o filme... Mas acredito que o filme nos dá uma maior carga de emoção do que propriamente o livro.

Beatriz,
espero pela tua opinião quando pegares nele ;)

JPD,
eu já li! =D E gostei! Como disse, em geral apenas a escrita da autora não me fascinou (olha, como me aconteceu com Yourcenar!). Não era bem o livro que estava à espera, e só lá mais para o fim é que esse tipo de livro surgiu, mas gostei do rumo que o livro toma!

NLivros disse...

Viva Pedro!

Já disse no Forum e digo-o também no teu blog. Li o livro e não gostei nada, foi de um enfado medonho.

A história e desenxabida, com pouca profundidade e, percebendo o alcance que Duras quis e conseguiu dar, a mim, longe da realidade da colónia francesa da altura, não me interessa rigorosamente nada.

Aliás, achei a escrita de Duras tão enfadonha que, para além de não voltar a pegar em nenhum livro dela, fiquei a imbirrar com aquela escrita.

Aliás, achei que, por variadíssimas vezes, ela perdeu o foco, diambulando sem sentido pelas suas próprias memórias. Interessante? Para muitos leitores sim e respeito, mas com tantos livros que quero ler, considero as cerca de 8 horas que me levou a ler este livro, uma autêntica perda de tempo.

Eu não vou em convenções literárias. Não tenho de gostar de um livro só porque ele é considerado um clássico ou só porque é bem dizer que ele é de facto bom. Este "Amante" não é um bom livro, a escrita de Duras não é agradável, é enfadonha, sensaborona e nada me ensinou.

Pedro disse...

Iceman, também já te respondi no Fórum, e deixa-me que te diga porque é que, no fim da leitura, gostei: porque gostei do rumo que o livro tomou. Como já disse, acabei por gostar porque à medida que ia lendo ia sentindo uma certa profundeza que tu se calhar não encontraste... Por isso dou uns pontos ao livro.

Mas, também te digo, não voltarei a ler Duras a não ser por acaso, e se fosse a classificar este livro seria um 5/10, puxado. Acho que o filme, que ainda não vi, transmitirá muita mais emoção do que propriamente o livro.

Detestei o estilo de escrita da autora, mas as divagações que referes tornou a leitura um suplício.

No entanto, há medida que fui lendo gostei do desenvolvimento da narrativa...

Escrita péssima, visto. A história... Estava mais à espera que a autora se concentrasse no foco, o romance com o amante, e começasse a relatar as suas consequências... Tiro pela culatra! Olha, aquilo que dizes que nada tem a ver com a realidade da colónia, subscrevo!

É verdade que ela perdeu esse foco... E como disse essas divagações são uma seca! Eu não considerei "interessante", mas realmente houve uma coisa no livro que me levou a apreciar... Chamei a isso a profundeza, ou se caljar apenas ainda não achei a palavra certa.

Não acho que tenha sido uma perda de tempo ler este livro. Isso não.

Quanto a gostar de um livro por ser clássico, nem ligo a ser clássico ou não. =/ Quer dizer, pessoalmente "O Amante" não foi uma grande obra, mas PODE-SE reconhecer a grande obra de que todos falam... Eu não a encontrei, para mim A grande obra seria ler o romance entre amantes proibidos, e então a história se desenvolvesse depois disso, das suas consequências, isso sim seria puramente interessante!

Não, a escrita de Duras não é agradável. E, já agora, aconselho-te a nunca pegar em Yourcenar =P
;)

NLivros disse...

Yourcenar?

Ui, pelas opiniões que já li, inclusivamente uma tua, se não estou em erro acerca das Memórias de Adriano, também é autora que não me interessa.

Yourcenar, Duras e tantos outros, onde coloco também os portugueses Lobo Antunes e Vergílio Ferreira, são autores que não me interessam. As obras deles são enfadonhas, tidas como profundas, mas que, parece-me, exigem muita atenção na percepção das suas ideias.

E não confundas com erudição. Erudito são as obras de Umberto Eco, porém nessa obras há objectividade, há clareza nas intenções e muita cultura e informação. Em Duras o que há?

Divagações, diálogos e situações sem importância alguma para o leitor, pelo menos para mim.

Pedro disse...

Pois é, embora digam que é um excelente romance histórico (e não ponho em causa as bases da autora para escrever o livro), não aprendi nenhuma lição em "Memórias de Adriano", foi horrível até chegar ao fim.

Nunca li nada de Lobo Antunes... Mas já li "Aparição" de Vergílio Ferreira! E adorei! Acredita mesmo! Mas também te explico como isso aconteceu: li o livro numa altura ideal para receber uma leitura daquelas. Acho que foi por isso que gostei tanto, porque calhou na altura estar... aberto e sensível àquele tipo de livros, por razões da minha vida... Até gostava de ler mais do autor! =) Nem achei o livro difícil, de tão bom que foi!

Claro que não estou a confundir, aliás já tinha pensado assim também! Os livros de Eco, por muito eruditos, têm um foco de história, uma acção distinta, uma cultura rica (pelo menos assim penso), nada a ver com este livro de Duras. Acho que "desabafo" é a palavra correcta para este livro, e por isso até é uma coisa pessoal... Como já se sabe, cheguei ao fim com uma boa sensação, ao contrário de Yourcenar (acho que sendo as duas francesas e do mesmo estilo, vale a comparação). Neste encontrei algo (é certo que já muito atrasado no livro, as primeiras páginas (ou seja, muitas!) foram uma busca de um sentido... que pelos vistos não existe! No entanto, não obstante a sua escrita que me desiludiu até aos cabelos, gostei em parte do desenvolvimento do livro, não da história mas do livro em si. Por isso acabo por dizer ser uma obra "recomendável".

Mais do que comprovado: divagações sem importância, nem mesmo para compreender a personagem, são algo a eliminar! (e lembro-me que houve algumas cenas no livro que, sinceramente, não percebi para que era aquilo! Como a descrição daquelas mulheres em Paris, achei que aquilo não estava a fazer nada!)

Livros em 2ª Mão disse...

Como também já referi noutro espaço, não apreciei o livro, não fiquei fã e perdi a vontade de ler outras obras desta autora.

Para mim o pior nem foi a escrita, que depois de algum tempo habituei-me, mas a falta de conteúdo, enfim.. não valeu o tempo dispensado!

Cidchen disse...

Parece-me ser um livro interessante...

Quanto ao "viva ao Benfica", bahh disso é que eu não gostei nada.

Beijinhos*

Tanea disse...

Também o recebi da revista Sabado e tenho para ler, com a tua opinião fiquei curiosa.... mas acho que agora ainda não tenho paciência :)

Pedro disse...

Livros em 2.ª mão,
eu detestei a escrita, mas acabei por gostar porque gostei do curso que o livro tomou... Mas tens razão quando dizes que o conteúdo deixa-nos a chuchar no dedo!

Cidchen
^_^

Tanea,
é pequeno, lê-se bem, mas realmente é de esperar muito mais... <_<