Cândido, de Voltaire
O espírito do Iluminismo transparece com humor e ironia em Cândido, romance no qual Voltaire insinua a crítica de um mundo vivido entre as contradições do optimismo e do pessimismo, do bem e do mal. O herói da narrativa percorre diversos lugares, incluindo Portugal e o utópico Eldorado, conhecendo peripécias fantásticas e sucessivas desgraças "no melhor dos mundos possíveis". Cândido, nas suas aventuras e desventuras, a amada e não menos desafortunada Cunegundes, assim como os filósofos Pangloss e Martin, constituem personagens de uma sátira que se ergue contra o fanatismo, a intolerância, a ignorância e a injustiça.__
_____________________________________________________________________________________
Cândido ou O Optimismo é uma espécie de D. Quixote de La Mancha, mas muito mais pequeno e, diria, um pouco mais irreal.
Sim, é de facto irreal, e duvido imenso da veracidade das personagens.
Como disse, é um pouco como o D. Quixote pois acontecem tantas coisas, tantas avenças e desavenças, aventuras até mais não e desventuras tais que o livro mais parece uma cruzada confusa, cheia de peripécias e que, no meio do caminho, ficou tão desnorteada que tudo acontece. isto é uma metáfora um pouco má, pois o livro não é confuso.
Acontece, sim, muitas coisas durante a viagem de Cândido e a grande parte é tão irreal... É impossível que uma coisa daquelas pudesse acontecer!
Depois, as personagens são... Não são bem as personagens, mas sim as aventuras por que passam que as torna um bocado surreais. As personagens são, até certo ponto, muito credíveis, mas com tudo o que lhes acontece leva-nos a crer que este livro se trata mais de um conto de fadas cheio de peripécias!
É um livro muitíssimo irónico. Dos livros mais irónicos que li, irónico do princípio ao fim! Com humor, claro, com todas as peripécias por que passam é impossível não haver humor neste história, mas tão irónico que chegamos a rir.
Tudo isto para dizer: este livro pode ser um pouco demasiado aventureiro, pode ter os acontecimentos mais estranhos e mirabolantes, pode ter personagens que passam por provações simplesmente irreais, e além disso irónico; tudo para dizer que, Voltaire leva tudo aos extremos, numa tentativa de criticar fortemente as ideias da época, que foram substituídas pelas iluministas. Escusado será dizer que Voltaire, representando o Iluminismo, consegue na perfeição satirizar a situação das suas personagens e atacar as ideias que pairavam pela cabeça das pessoas.
Para quem deseja ver o livro pelo ponto crítico, é importante saber um pouco da época iluminista para, assim, reconhecer quem (ou o quê) cada personagem representa. Basta isso, pois este livro dá-nos a conhecer a faceta filosófica e ideal da altura muito bem. Gostei pela discussão do livro e pela revelação dos ideais que na época surgiram e defrontaram os antecedentes.
Para quem quer ver o livro de outra maneira, posso dizer que é uma obra cheia de aventuras, peripécias, quase fantasias que parecem completamente irreais. As personagens passam por cada situação extraordinária que nos perguntamos como conseguem... Enfim, um livro que passa por muita coisa e que nos dá a ideia de um mundo. Vários mundos, aliás, porque, como disse, é tudo levado aos extremos para comparar as várias situações e ideias, os vários mundos com o "melhor dos mundos possíveis".
O final está, para variar, levado aos extremos. O livro dá tantas e tantas voltas que já esperamos qualquer coisa que possa acontecer. As personagens já passaram por tanta coisa! Mas não deixa de ser um final à primeira vez imprevisível e estranho.
Pela parte filosófica, adorei a conclusão. O remate do autor fica a matar depois de um livro tão mirabolante. Por isso, foi uma boa leitura.
(só espero que esta versão seja de texto integral. É que não suporto muito textos não integrais, tenho a mania de não querer nada adaptado! Mas acabei por me convencer que esta versão é integral)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
6 comentários:
Tenho este livro ali na estante, mas ainda não lhe peguei!
Quando arranjares uma abébia, tenta pegar nele. Até é fácil de ler, e não tens muito a perder... Acho que dá para desenvolver uma boa opinião ;)
Não é um livro marcante nem ocupou, pessoalmente, um lugar privilegiado, mas pega nele pela experiência =)
Também tenho este livro ali na estante para o ler! :)
As atitudes perante a vida são, basicamente, de:
- Optimismo: este é o melhor dos mundos possíveis, a vida é boa,vamos usufruir e ser felizes;
- pessimismo: a vida é um tormento, o sofrimento é inexoravel, o melhor é fugirmos ou como o poderemos fazer?...
O optimismo é acompanhado de esperança; o pessimismo de desespero
As vidas naturalmente vividas são um oscilar permanente entre estes dois sentimentos e exigentes quanto a respostas eficazes e adequadas.
Há bem pouco tempo estive para comprar este livro, mas depois acabou por ficar na estante.. Numa próxima, quem sabe?! :)
Olha, tentei ler o livro e não consigo... :/ Não faz mesmo o meu género... Tudo muito irreal! :p
Tenho pena pois foi-me oferecido por uma amiga que pensou que eu iria gostar... mas não foi o caso... :(
Beijinhos!
Enviar um comentário